TAGs* - baseado no filme "The Black Dahlia

segunda-feira, 31 de maio de 2010
The Black Dahlia


Tudo era uma questão de ângulo... Ela podia ser morta, podia induzi-lo ao suicídio ou por fim seduzi-lo a assassinar seu desafeto. Era tudo uma questão de palavras manipuláveis, convincentes e certamente ela teria o mundo se esgueirando aos seus pés, uma questão de “geografia” dos intentos. (...) 



"Sabe o que quero de verdade? Jamais perder a sensibilidade, mesmo que às vezes ela arranhe um pouco a alma. Porque sem ela, não poderia mais sentir a mim mesmo."











Kaspar Hauser

sábado, 29 de maio de 2010

A PALAVRA MÁGICA: REFLEXÃO ... - Psicologia "Teórica" a nós mesmos*

                                   A Palavra Mágica: Reflexão


Nós amamos as pessoas como elas são ?! Desde que elas sejam como gostaríamos que elas fossem. Complicado? Na realidade, há de nossa parte uma projeção daquilo que gostamos e admiramos no outro quando o outro se encaixa no nosso “modelito”.
Consciente ou inconscientemente pensamos – “ esse é dos meus” ou “faz parte da minha turma”. Por que será que capturamos o mundo sempre enquadrado nos nossos modelos, nos nossos paradigmas e só conseguimos ver e ler o mundo, o outro sob certo prisma? Onde ficam os conceitos como liberdade, equidade, alteridade e valores? .
Quando o existencialista Jean Paul Sartre afirma: “O importante não é aquilo que fazem de nós, mas o que nós mesmos fazemos do que os outros fizeram de nós” e “Não há necessidade de grelhas, o inferno são os outros” nos remete a um universo de possibilidades comportamentais...
A necessidade de nos colocarmos no lugar do outro e procurar entender suas motivações e formas de ver o mundo torna-se uma necessidade para que possamos conviver harmoniosamente e sem preconceitos em todos os ambientes. Em última instância, isto exige um exercício permanente de auto-observação para descobrirmos e reconhecermos os preconceitos e dificuldades que temos na aceitação dos nossos semelhantes, que na realidade normalmente são muito diferentes de nós.

[ "E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam ouvir a música..." (Nietzsche) ]





(Rafael Annovazzi)
21.09.2009

Dica de Filme (Professora Claudia Ruiz) : O Enigma de Kaspar Hauser

Hauser passou os primeiros anos de sua vida aprisionado numa cela, não tendo contacto verbal com nenhuma outra pessoa, facto esse que o impediu de adquirir uma língua. Porém, logo lhe foram ensinadas as primeiras palavras, e com o seu posterior contacto com a sociedade, ele pôde paulatinamente aprender a falar, da mesma maneira que uma criança o faz. Afinal, ele havia sido destituído somente de uma língua, que é um produto social da faculdade de linguagem, não da própria faculdade em si. A exclusão social de que foi vítima não o privou apenas da fala, mas de uma série de conceitos e raciocínios, o que fazia, por exemplo, que Hauser não conseguisse diferenciar sonhos de realidade durante o período em que passou aprisionado.

Hauser, supostamente com quinze anos de idade, foi deixado em uma praça pública de Nuremberg, em 26 de maio de 1828, com apenas uma carta endereçada a um capitão da cidade, explicando parte de sua história, um pequeno livro de orações, entre outros itens que indicavam que ele provavelmente pertencia a uma família da nobreza.

Entre as idiossincrasias originadas pelos seus anos de solidão, Hauser odiava comer carne e beber álcool, já que aparentemente havia sido alimentado basicamente por pão e água. Aprendeu a falar, a ler e a se comportar, e a sua fama correu a Europa, tendo ficado conhecido à época, como o "filho da Europa". Obteve um desenvolvimento do lado direito do cérebro notoriamente maior que o do esquerdo, o que teoricamente lhe proporcionou avanços consideráveis no campo da música.

Hauser foi assassinado com uma facada no peito, em Dezembro de 1833, nos jardins do palácio de Ansbach. As circunstâncias e motivações ou autoria do crime jamais foram esclarecidas, apesar da recompensa de 10.000 Gulden (c. 180.000,00 Euros) oferecida pelo rei Luís I da Baviera.

A sua história foi representada no filme de Werner Herzog, "Jeder für sich und Gott gegen alle" (em língua portuguesa, "Cada um por si e Deus contra todos"), de 1974, lançado em Portugal com o título "O Enigma de Kaspar Hauser".

Kaspar Hauser escreveu, em fevereiro de 1829, uma autobiografia que pode ser lida em português no site: http://www.kasparbio.blogspot.com/
---
Mistérios

* Alimentado-se apenas de pão e água,de onde surgiram as proteínas e vitáminas para o funcionamento normal do corpo humano?

* O motivo da dor de Kaspar em seus pés e pernas poderia ser causada por derformações anatômicas e musculares causada por ficar 15 anos sentado.

* Como Kaspar não sucumbiu à esquizofrênia por ficar em uma cela por quinze anos desde o nascimento?

* Como Kaspar sobriviveu sem o leite materno enquanto bebe? Isso sugere que foi abandonado quando tinha provavelmente 1 ou 2 anos.

Ligações externas

O Wikimedia Commons possui multimedia sobre Kaspar Hauser

* O ENIGMA DE KASPAR HAUSER (1812?-1833): UMA ABORDAGEM PSICOSSOCIAL (análise da trajetória de vida de Kaspar Hauser por Maria Clara Lopes Saboya,PhD em educação)
* http://www.kasparbio.blogspot.com/ (autobiografia de Kaspar Hauser)
* O Mistério de Kaspar Hauser (Em áudio)
* (em inglês) The Unsolved Mystery of Kaspar Hauser

"A Não Fenomenologia da Vida*

quinta-feira, 27 de maio de 2010
“Vida”


Conceituar “vida” – parece fácil e trivial para a compreensão e estudos dos organismos vivos e suas relações com o universo. Quantas “vidas” temos ? Ora, é inevitável pensarmos que temos uma única vida, mas é tolice generalizar um “processo” que tem implicações históricas violentas como as Teorias: Biogênese e Abiogênese. Ou ainda das Lendas Druidicas onde a Divindade era Feminina e seus derivados subcriativos criavam os Deuses e a “vida dos mortais” e ainda a possibilidade remota do Cristianismo onde seu representante máximo é gerado pela concepção totalmente teórica da Partenogênese Humana ainda com forte misticismo pois o estimulo gerador não tinha caráter humano ou “vida humana”. Qual o limite da “vida”?! Eis outra questão capaz de alterar todos os humores humanos; desde as Células Tronco temos postulados cientificistas em sistemas religiosos diversos que a vida é ilimitada, não tem fim, é infinita e progressiva unitária e indivisível, aí caímos em outra questão intrínseca no conceito de vida – a “Morte” – quando a vida cessa ou toma outros expedientes além do “mundo visível”.


Poetas, Filósofos, Pintores, Músicos e todas as expressões artísticas parecem que não se bastam e esgotam-se em nervos ao profetizarem sobre o tema “Vida”, recordo-me de Fernando Pessoa e Augustos dos Anjos que sintetizam e resumem várias tendências Filosóficas nos remetendo à Metafísica:
“Erguei em tempestades a minha alma! Não haverá,
Além da morte e da imortalidade, Qualquer coisa maior?
Ah, deve haver Além da vida e morte, ser, não ser,
Um inominável supertranscendente,
Eterno incógnito e incognoscível! Deus? Nojo. Céu, inferno? Nojo, nojo.
Pr'a que pensar, se há de parar aqui O curto vôo do entendimento?
Mais além! Pensamento, mais além!”
(Primeiro Fausto – Fernando Pessoa)

“Fator universal do transformismo.
Filho da teleológica matéria,
Na superabundância ou na miséria,
Verme – é o seu nome obscuro de batismo.

Jamais emprega o acérrimo exorcismo
Em sua diária ocupação funérea,
E vive em contubérnio com a bactéria,
Livre das roupas do antropomorfismo.

Almoça a podridão das drupas agras,
Janta hidrópicos, rói vísceras magras
E dos defuntos novos incha a mão…





Ah! Para ele é que a carne podre fica,
E no inventário da matéria rica
Cabe aos seus filhos a maior porção!

(Augusto dos Anjos – O Deus-Verme)



O filosofo Arthur Schopenhauer na sua obra “O Mundo como Vontade e Representação” dá “vida” ao ser e integra esse ao mundo; A vontade é o elemento fundamental a fim de trazer o sentido das coisas e do mundo. É essa união entre o corpo e o sentimento, segundo o filósofo, que proporciona a essência metafísica elementar: a vontade da vida.
“ ... O mundo como representação, constituindo objetivação da vontade têm duas metades essenciais, necessárias e inseparáveis. Uma é o objeto, e suas formas são o espaço e o tempo, explicando a pluralidade.
A outra metade é o sujeito, não se encontrando no tempo e no espaço, porque o tempo e o espaço existem inteira e indivisa dentro de todo ser que percebe: daí resulta que só o sujeito junto ao objeto completa o mundo como representação (refere-se ao homem), assim como todos os homens. Mas se este ser (homem) desaparece, o mundo como representação não existe mais, existindo apenas o mundo como vontade, sem representações.
Se o sujeito enquanto consciência desaparece, o mundo, manifestação da vontade enquanto representação desaparece, pois a representação pressupõe uma consciência objetivada pela vontade essencial. Daí resulta que a percepção do fenômeno da representação é uma impressão humana, é o sujeito que assim percebe o mundo, a representação como forma alegórica da vontade em si mesma.”


No que diz respeito a questão cientifica de vida, a ciência foi feliz ao simplificar a denotação de vida, e ainda assim gera contradições desde o âmbito biológico até o Metafísico.
“Vida é a interação inter-dinâmica entre matéria e energia que se manifesta sobre forma de metabolismo celular próprio” (Fundamentals of Biochemistry - ISBN 0471586501) – Essa é definição mais usual e mesmo derivando desse postulado encontramos outras; a definição de vida de Francisco Varela e Humberto Maturana (amplamente usada por Lynn Margulis) é a de um sistema autopoiético (que se gera a si próprio) de base aquosa, limites lipoproteicos, metabolismo de carbono, replicação mediante ácidos nucleicos e regulação proteica, um sistema de retornos negativos inferiores subordinados a um retorno positivo superior (J. theor. Biol. 2001); Fica perigoso estender concepções maiores ou mesmo alongar tal postulado.
Em biociências todo parasitismo; toda lesão ou toda solução de continuidade agressora geradora de danos aos sistemas biológicos é obrigatoriamente, no que tange ao parasitismo, causada por outros seres vivos que atendem as promessas dos postulados citados à cima. Hoje em dia temos conhecimento que os vírus não apenas causam doenças simples de auto-resolução, mas são fatores de desenvolvimento de cânceres potencialmente letais. Os vírus não seguem a ordem classificatória dos organismos vivos aceita atualmente como universal (Lineu); Domínio, Reino, Filo, Classe, Ordem, Família, Gênero e Espécie – limitam-se de Reino até Ordem e não possuem metabolismo celular próprio. Fica aqui uma limitação cientifica e especulações metafísicas: Os vírus não são nem seres vivos e nem “seres-não vivos” estão em uma posição intermediária entre a vida biológica e a ausência de vida biológica.


Talvez o marco mais importante que afeta diretamente todas as ciências e crenças foi dado por Louis Pasteur, derrubando definitivamente a idéia da abiogênese, com a utilização de uma vidraria chamada pescoço de cisne. Pasteur colocou um caldo nutritivo em um balão de vidro, de pescoço comprido. Em seguida, aqueceu e esticou o pescoço do balão, curvando sua extremidade, de modo que ficasse voltada para cima. Ferveu o caldo existente no balão, o suficiente para matar todos os possíveis microrganismos que poderiam existir nele. Cessado o aquecimento, vapores da água proveniente do caldo condensaram-se no pescoço do balão e se depositaram, sob forma líquida, na sua curvatura inferior. Como os frascos ficavam abertos, não se podia falar da impossibilidade da entrada do "princípio ativo" do ar. Com a curvatura do gargalo, os microrganismos do ar ficavam retidos na superfície interna úmida e não alcançavam o caldo nutritivo. Quando Pasteur quebrou o pescoço do balão, permitindo o contato do caldo existente dentro dele com o ar, constatou que o caldo contaminou-se com os microrganismos provenientes do ar. Desde então tornou-se universal que a “vida” biológica é continuidade de uma vida pré-existente. Ainda dessa idéia embrionária o quimico Lavoisier, postula que na “Natureza nada se perde nada se cria, tudo se transforma”. Porém o marco inicial da “vida” tanto para Pasteur e “vida” e todos os elementos para Lavoisier, carecem de uma explicação cientifica plausível, algo que inicial totalmente debatido e especulado – o “Fator Gerador Universal” que dá origem a tudo que conhecemos com real e aceito como verdade cientifica.



A partir do Renascimento Italiano e Iluminismo Francês onde a religião ja não bastava mais ao homem e nem aos seus anseios mais triviais, a humanidade voltou-se furiosamente para algo outrora condenado, algo que foi re-vivido com tamanha força material e explicativa capaz de sufocar e começar a calar os egos cléricos – a Ciência. Essa tem sua elementariedade na mão oposta das crenças dogmáticas e religiososas, sua finalidade é esclarecer de forma objetiva e mesmo hipotética todo o Universo e então as igrejas perdem público para as “Universidades” uma alegoria do novo mundo para representar todas as possibilidades, essa parte de 3 eixos indissoluveis: O ensino do que é aceito pela comunidade ciêntifica internacional e suas limitações e seus cientificismos, a pesquisa e o método ciêntifico e a extensão; a aplicação prática derivada do ensino e da pesquisa. A ciência não é e nem pode ser totalitaria e absoluta, pois quando respondemos uma pergunta, geramos mais perguntas e assim para “duvidar” de si mesma a ciência sempre se contradiz e seus argumentos vão evoluindo conforme a evolução do conhecimento humano, dentro da própria ciência é fundamental a pergunta: “Eu dúvido”. Lógica, Epistemologia, Axiologia são recursos dentro da própria ciência para auto-avaliação conceitual para validar sua metologia, criar novas metodologias e conhecer suas limitações. É possível citar como atualmente aceitos os métodos: Qualitativo e Quantitativo; sendo o quantitativo menos criticado pois ele lança recursos da Estatística e da reprodutibilidade fenomenológica e ainda se divide em testes Paramétricos e Não Paramétricos.


Talvez ao saber de suas limitações e suas possibilidades e da necessidade de sempre rever conceitos, Freud pensou: “A ciência não é uma ilusão, mas seria uma ilusão acreditar que poderemos encontrar noutro lugar o que ela não nos pode dar.” Refutando todas conclusões tiradas de crenças sem qualquer sentido plausível e de dogmas religiosos. Querendo ou não, mesmo com suas limitações é a ciência e somente ela que pode dar “anos à vida” e não “vida aos anos”.


“Toda Verdade Suportável”

Na ilha por vezes habitada...


Na ilha por vezes habitada do que somos, há noites,
manhãs e madrugadas em que não precisamos de
morrer.
Então sabemos tudo do que foi e será.
O mundo aparece explicado definitivamente e entra
em nós uma grande serenidade, e dizem-se as
palavras que a significam.
Levantamos um punhado de terra e apertamo-la nas
mãos.
Com doçura.
Aí se contém toda a verdade suportável: o contorno, a
vontade e os limites.
Podemos então dizer que somos livres, com a paz e o
sorriso de quem se reconhece e viajou à roda do
mundo infatigável, porque mordeu a alma até aos
ossos dela.
Libertemos devagar a terra onde acontecem milagres
como a água, a pedra e a raiz.
Cada um de nós é por enquanto a vida.
Isso nos baste.


(José Saramago - PROVAVELMENTE ALEGRIA, Editorial CAMINHO, Lisboa, 1985, 3ª Edição)



(Rafael Annovazzi)

NOTÍCIAS DO CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA - EVENTOS

 
 
Os Conselhos Federal e Regionais de Psicologia realizam, no mês de junho, dois seminários para debater temas importantes para a atuação dos psicólogos e dialogar com a categoria.

Seminário Nacional Psicologia e Diversidade Sexual: Desafios para uma sociedade de direitos

Seminário 
Nacional Psicologia e Diversidade  Sexual: Desafios para uma sociedade 
de direitosO Seminário Nacional Psicologia e Diversidade Sexual: Desafios para uma sociedade de direitos, que acontece entre os dias 17 e 19 de junho de 2010, em Brasília, foi pensado a partir da percepção de todos os 17 Conselhos Regionais de Psicologia e do Conselho Federal sobre a importância de socializar experiências, demandas recebidas e dialogar com a categoria acerca das relações entre Psicologia e diversidade sexual.

Segundo a conselheira do CFP, Clara Goldman Ribemboim, a Psicologia tem um papel importante na luta contra o preconceito ao homossexualismo: “A pluralidade interessa à Psicologia devido à possibilidade de atendimento e acolhimento dessas pessoas, sem a perspectiva da patologia, além do entendimento de direitos humanos”.

Para debater o tema foram convidados psicólogos, representantes de entidades de defesa da diversidade sexual, antropólogos, a coordenadora do Programa Brasil sem Homofobia da Secretaria Especial de Direitos Humanos (SEDH) da presidência da República, entre outros.
As inscrições podem ser feitas na página http://diversidade.pol.org.br

Seminário Nacional “A atuação dos psicólogos no Sistema Único de Assistência Social”

A atuação 
dos psicólogos no Sistema Único de Assistência SocialNa sequência, entre os dias 21 e 23 de junho de 2010, o CFP e os Conselhos Regionais de Psicologia (CRPs) em parceria com o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social e Combate à Fome (MDS), por meio da Secretaria Nacional de Assistência Social, realiza o Seminário Nacional “A atuação dos psicólogos no Sistema Único de Assistência Social”.

O objetivo é fortalecer o compromisso da Psicologia para a efetivação dos Serviços de Proteção Social do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), divulgando parâmetros e referências para a atuação dos psicólogos nessa política pública, possibilitando reflexão entre os agentes institucionais da Política Nacional de Assistência Social (gestores, profissionais e representantes dos usuários) acerca das contribuições dos saberes e práticas dos(as) psicólogos(as) no âmbito do SUAS.

A demanda para a realização do evento vem da necessidade, da maior parte dos psicólogos e psicólogas, de receber orientações mais claras com relação aos princípios e diretrizes para nortear sua prática no campo da Assistência Social. Muitos psicólogos participam da construção do Sistema Único de Assistência Social, o SUAS e não são poucos os presentes no rol de técnicos e consultores que contribuíram e contribuem, no âmbito do MDS, para o desenvolvimento e a consolidação dos dispositivos estabelecidos na NOB/SUAS.

Todo o seminário será transmitido via internet pela página http://psisuas.pol.org.br. Na página, que estará disponível em breve, também é possível obter mais informações sobre o evento. Também serão aceitas inscrições presenciais para a atividade, realizada em Brasília e, nos estados brasileiros, os Conselhos Regionais de Psicologia organizarão salas de exibição. A lista de salas será divulgada na página do evento na internet, onde também serão encontradas informações sobre inscrições e programação.

As mesas de debates tratarão de temas como marcos éticos e normativos do SUAS, dilemas da atuação interdisciplinar na proteção social, a Psicologia necessária nos serviços de Proteção Social Básica, e a atuação do psicólogo na Proteção Social Especial. 

Na abertura do seminário estarão presentes a ministra do Desenvolvimento Social, Márcia Lopes, e o presidente do CFP, Humberto Verona.

Logo após o encerramento da transmissão do seminário, haverá debates locais organizados pelos Centros de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (Crepop) nos estados e pelos Conselhos Regionais de Psicologia.


Se você não conseguir visualizar este boletim, clique aqui.
 

Documentário sobre Burrhus Frederic Skinner

A Psicologia de B. F. Skinner (1/9) 

http://www.youtube.com/watch?v=-j4jIxIPzoI 

 

 

 INSPETRA 7 de março de 2010 — Burrhus Frederic Skinner (Susquehanna, Pensilvânia, 20 de Março de 1904 — Cambridge, 18 de Agosto de 1990) foi um psicólogo estadunidense. Conduziu trabalhos pioneiros em psicologia experimental e foi o propositor do Behaviorismo Radical, abordagem que busca entender o comportamento em função das interrelações entre a filogenética, o ambiente (cultura) e a história de vida do indivíduo.
A base do trabalho de Skinner refere-se a compreensão do comportamento humano através do comportamento operante (Skinner dizia que o seu interesse era em compreender o comportamento humano e não manipulá-lo).
Outros importantes estudos do autor referem-se ao comportamento verbal humano e a aprendizagem.

http://www.youtube.com/watch?v=HgIP32ZJeA8&feature=related
Depois de ler sobre John B. Watson e Ivan Pavlov, decidiu transferir seu interesse literário pelas pessoas para um interesse mais científico. Em 1928, inscreveu-se na pós-graduação de psicologia em Harvard, embora nunca tivesse estudado psicologia antes. Foi para a pós-graduação, disse ele, "não porque fosse um adepto totalmente comprometido da psicologia, mas para fugir de uma alternativa intolerável". Comprometido ou não, doutorou-se três anos mais tarde. Seu tema de dissertação dá um primeiro vislumbre da posição a que ele iria aderir por toda a sua carreira. Sua principal proposição era de que um reflexo não é senão a correlação entre um estímulo e uma resposta. Concluiu o mestrado em 1930 e o doutorado em 1931.
Depois de vários pós-doutorados, Skinner foi dar aulas na Universidade de Minnesota (193645), nessa época casou-se com Yvonne Blue, com quem teve dois filhos, e na Universidade de Indiana (194547). Em 1947, voltou a Harvard. Seu livro de 1938, "O Comportamento dos Organismos", descreve os pontos essenciais de seu sistema inicial. Seu livro de 1953, "Ciência e Comportamento Humano", é tido como um manual básico da sua psicologia comportamentalista.
Skinner manteve-se produtivo até a morte, aos oitenta e seis anos, trabalhando até o fim com a mesma determinação com que começara uns sessenta anos antes. Em seus últimos anos de vida, ele construiu, no porão de sua casa, sua própria "caixa de Skinner" um ambiente controlado que propiciava reforço positivo. Ele dormia ali num tanque plástico amarelo, de tamanho apenas suficiente para conter um colchão, algumas prateleiras de livros e um pequeno televisor. Ia dormir toda noite às dez, acordava três horas depois, trabalhava por uma hora, dormia mais três horas e despertava às cinco da manhã para trabalhar mais três horas. Então, ia para o gabinete da universidade para trabalhar mais, e toda tarde retemperava as forças ouvindo música.
Aos sessenta e oito anos, escreveu um artigo intitulado "Auto-Administração Intelectual na Velhice", citando suas próprias experiências como estudo de caso. Ele mostrava que é necessário que o cérebro trabalhe menos horas a cada dia, com períodos de descanso entre picos de esforço, para a pessoa lidar com a memória que começa a falhar e com a redução das capacidades intelectuais na velhice. Doente terminal com leucemia, apresentou uma comunicação na convenção de 1990 da APA, em Boston, apenas oito dias antes de morrer; nela, ele atacava a psicologia cognitiva.

http://www.youtube.com/watch?v=bB6a0RRPZk8&feature=related
Na noite anterior à sua morte, estava trabalhando em seu artigo final, "Pode a Psicologia ser uma Ciência da Mente?", outra critica ao movimento cognitivo que pretendia suplantar sua definição de psicologia. Skinner morreu em 18 de Agosto de 1990.
Críticas às ideias de Skinner fortaleceram-se especialmente nas décadas de 1960 e 1970, após seu livro Walden II ter-se tornado sucesso de vendas, atraindo admiradores e contestadores. As ideias de Skinner foram em especial confrontadas com as ideias de Carl Rogers. Para Rogers, Skinner privilegia conceitos como controle e previsibilidade, e dá pouco valor a conceitos como liberdade e realização pessoal. Skinner defende um modelo de educação que parte do meio para o indivíduo enquanto Rogers defende que a educação deve ser feita do indivíduo para o meio. A abordagem de Rogers considera o modelo de educação e controle de comportamento de Skinner excessivamente mecanicista e determinista.

http://www.youtube.com/watch?v=QNnu8Ed2U-c&feature=related

Por: Maria Martha Costa Hübner

http://www.youtube.com/watch?v=ln9AbHpQm6A&feature=related 

Categoria: Educação

Não medicina.... Não ao Ato Médico...

quarta-feira, 26 de maio de 2010
NÃO MEDICINA! NÃO. Tenho medo é dos bons, que se adoram por isto, que se vestem de Cristo e cultuam seus dons, temo toda a pureza vendida nos gestos, manifestos de paz de qualquer natureza... Fujo a passos compridos de quem se apregoa alma boa, sensível, de muitos carpidos; nada quero da voz, do silêncio e trejeitos dos perfeitos, ilesos, isentos de nós... A distância maior dessa gente fingida será curta, insentida, pedindo bem mais, pois ninguém corresponde a tamanha fachada... Quero gente mais torta, que seja normal, de virtudes humanas sem placa na porta; uma gente real, bem mais próxima ao chão...



Porque não ao ato médico

Já que muitos perguntam porque continuar sendo contra...

"Art. 4º São atividades privativas do médico:
I – formulação do diagnóstico nosológico e respectiva prescrição terapêutica;"

Primeiro essa noção de diagnóstico nosológico usada pela medicina.

Todos os profissionais da saúde realizam diagnóstico da doença relacionada à sua área de atuação. já expliquei a trocentos tópicos atrás usando um exemplo de afasia e TCE. Um outro exemplo é distúrbio específico de linguagem, dentre outros. Cada profissional da saúde também efetua a respectiva prescrição terapêutica em sua área de formação e experiência.

Essa redação dá margem a inúmeras interpretações que podem ser usadas a bel-prazer pelos médicos.

Outra questão básica:

se a doença no foco Médico é a que determina todas as outras condições e só a ele está indicada a prescrição terapêutica, ele vai prescrever terapia!!!!!!!!!

só não ver quem não quer que cada um pode usar a lei para inúmeras interpretações.

Faltou uma especificação maior de toda a condição.


Como citado no site "atomediconao": "O Estado não pode também admitir que os médicos façam prescrições terapêuticas em áreas nas quais não possuem treinamento. Fazer isso seria violar o direito de 3 milhões de profissionais da saúde de exercerem livremente e na plenitude seus atos privativos. Porém o mais absurdo seria admitir o fato de um profissional prescrever um atendimento sem que ele tenha as habilidades e competências necessárias. A esse propósito, o Ministério da Educação estabeleceu de forma clara e objetiva as habilidades e competências de cada profissional da saúde. Desta forma, dar ao médico o direito de prescrever tratamento que ele não conhece seria instalar o caos e a irresponsabilidade nos serviços de saúde do país. É por isto que o PL 7.703/2006 deve restringir o ato privativo do médico ao diagnóstico médico e à respectiva prescrição terapêutica médica. "

Um convite ao silêncio - ENJOY THE SILENCE!



Vocês já pararam para pensar como a vida atual é barulhenta? Estamos quase o tempo todo cercados por muitos sons nem sempre agradáveis ou salutares. Raras são as oportunidades em que podemos ficar a sós. Vivendo neste ambiente, procurar a quietude para momentos de descanso e reflexão toma-se uma necessidade imprescindível para aqueles que buscam uma vida mais serena e harmoniosa.



Talvez seja esta a razão que levou um documentário, lançado na Alemanha em 2006, com quase 3 horas de duração e basicamente silencioso, sem música ou narrativa, contendo apenas alguns minutos de diálogos e cânticos, chamado O Grande Silêncio (Die grosse Stille) a lotar cinemas naquele país e em toda a Europa, tendo maior público do que o consagrado "Harry Potter". O filme retrata a vida dos monges cartuxos, a mais severa ordem contemplativa católica, da Grande Chartreuse, um mosteiro do século 17, na França. O cineasta alemão Philip Gröning, questionado sobre sua vivência no mosteiro, necessária para produzir o filme, afirma: "no princípio, estava muito triste e solitário. Quando não fala, a pessoa começa a refletir sobre o que faz e vem um vazio. Então a coisa mudou, pouco a pouco a percepção ficou bem mais clara e tive uma sensação tranqüilizadora. Tudo o que você vê ou ouve o faz feliz como ser humano. É uma coisa curiosa: quando você consegue não ficar pensando no próximo momento, nem fazer muitos planos - advém uma espécie de pura felicidade. Você fica simplesmente feliz".


--- "Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara." (...) Existem vários exemplos de bons silêncios; O silêncio de uma mãe a contemplar seu filho enquanto o amamenta. O silêncio que recompõe a noite urbana. O silêncio no meio de uma conversa entre dois amigos. O silêncio que se torna prece ao tentar ouvir - em silêncio - o barulho do que é Divino...


Se o que pretende dizer não é mais belo que o silêncio, para que falar ?!
 desabafo...

Dica de Filme... 

Tabula Rasa

Postado por Wellington Sayeg - originalmente em www.humanodepano.blogspot.com





Como alguns sabem, começei a pouco tempo um estágio no setor educacional público de minha cidade. É um trabalho um tanto desafiador, pois permaneço sempre com crianças de, em geral, cinco anos ou menos, onde poucas tem uma estrutura familiar suficientemente boa como apoio, e isso gera conflitos pessoais em indivíduos tão pequenos, e quando digo conflitos pessoais, digo, realmente, conflitos visíveis a qualquer um que se habilite a conviver, nem que seja apenas algumas horas, na presença deles.
Acredito que essa experiência com crianças era algo que me faltava, e isso com certeza me trará (apesar da exaustão que isso, em geral, causa) bons frutos na minha carreira profissional, mesmo que minha área de interesse dentro da psicologia não seja, exatamente, a psicopedagogia, nem nada relacionado com as crianças, em geral. Mas enfim, isso não vem ao caso.

Estar novamente presente no sistema de ensino infantil me fez lembrar que, a mais ou menos quatorze anos, eu é quem estava lá, presente. O sistema de ensinamento e aprendizagem praticamente continua o mesmo que vi em minha época, com poucas, realmente poucas diferenças notáveis.
Isso me fez refletir o que acontece com o sistema educacional em plano nacional, e por que, apesar de que a educação ser uma área governamental muito bem comentada, e que planos e planos são feitos por lideres políticos para melhorar a qualidade da mesma, ela ainda assim vem apresentando, ano após ano, críticas de todos os tipos e tamanhos.

O título do texto se chama "tabula rasa", em latim, significa "folha em branco". É uma citação da filosofia empirista, que vem muito a calhar com o que pretendo expor.

A filosofia empirista consiste em acreditar, basicamente, que todo o conhecimento que o ser humano adquire, através dos anos de vida, são mediantes a sua experiência com o objeto externo, não existe conhecimento nativo, nada que você carregue dentro de você, e que traga desde o ventre da mãe. Isso limita o ser humano a nascer sem nenhum tipo de conhecimento, nenhum tipo de impressão ou simbolo. O conhecimento é gerado conforme vamos convivendo e aprendendo, recolhendo informações de qualquer coisa que faça parte do nosso ciclo de vida.

John Locke foi um dos principais representantes da corrente filosófica empirista. Ele descreve o conceito de tabula rasa como representante de como todo o ser humano nasce. Raso, vazio, pronto para receber as informações que, a partir dai, construirão seu conhecer a cerca do mundo.

Na teoria psicanalítica, assim que o bebê nasce, ele começaria a procurar por símbolos para satisfazer suas necessidades. Poderíamos, bem resumidamente, incluir os chamados "arquétipos", da psicologia analítica, descritos por Carl Jung. Mas afinal, o que isso tem haver com a educação ?

A principal função da escola, em opinião própria, seria a individualização do aluno perante a sociedade, criando assim uma mediação entre a criança que ainda se contenta, psicologicamente, de símbolos que criou em vínculos de pessoas próximas, como pai, mãe, madrasta, etc, a deixar tudo isso como uma fase que já tenha sido ultrapassada, e a criar laços firmes com a sociedade. A escola, em suma, prepara a criança para o convívio social.
É obrigação da escola transmitir cultura, saber, conhecer, no geral, "humanizar" aquele pequeno individuo, para que possa aceitar e ser aceito nas condições gerais que, no futuro, uma socialização necessária o obrigará.

Logo, a criança vai deixando de lado a imitação que exerce de adultos próximos, e vai, com a ajuda do instituto de ensino, criando uma autonomia própria, autonomia essa que vira a ser a base de sua atitude como cidadão.
Isso coloca a escola no patamar de principal instituição social que os indivíduos tendem a participar. É com a ajuda dela que nos tornamos e reafirmamos como humanos, desenvolvendo as capacidades e intuitos que nos são impostos assim que nascemos.

Mas se a escola é a principal (e, quando não se tem uma base familiar preparada para lhe dar com esse tipo de situação, talvez a única) mediadora entre a criança e a sociedade que lhe espera, por que a escola age numa realidade paralela ao que a criança encontra dos portões pra fora ?
Digo, a realidade da escola, que deveria ser preparatória para a realidade social, e no mesmo contexto, pessoal, acaba se tornando um desvio, que tenta, desesperadamente, fechar os olhos dos pequenos indivíduos para a realidade em que, em breve, estarão adentrando. Isso gera um desvio de realidade, onde a escola, ao invés de levar seus alunos a participar ativamente de um contexto social, se tornou nada mais que um paradoxo: Uma instituição social que se enxerga completamente fora dos padrões sociais. Nesse ponto padrão, a utopia do erro está formada: Cria-se a ideia de que, é possível preparar o indivíduo para viver no cotidiano social, estando ele completamente isolado desse cotidiano padrão.

Logo, a prisão em que os alunos se sentem, acaba sendo esclarecida: O plano educacional abafa a realidade social, criando regras e preceitos educacionais muito distantes das regras e preceitos que a sociedade impõe. A tentativa é de sacrificar o quesito social para a sobrevivência do quesito institucional escolar. Os alunos se veem longe de sua individualidade, quando adentram numa escola onde se tornam iguais a cada um ali presente. Sua identidade e história fica do portão para fora. Os uniformes tornam todos iguais, e a autoridade da escola é completamente inquestionável, afogando assim, a oportunidade do aluno de criar questionamentos que não sejam dentro das matérias estudantis.

A tentativa frustrada disso tudo acaba sendo exibida como fracasso total, quando vemos a realidade social entrando na escola através de alunos que, num ato de "rebeldia", acabam exercendo e mostrando o que eles realmente são, além de um uniforme branco com o nome de um professor falecido. Algum modo de expressar a individualidade, eles encontram, e esse modo normalmente infringe regulamentos que a diretoria impõe, como uma eterna verdade absoluta.

A história se repete, o erro se repete, até sairmos do ensino fundamental. O ensino médio continua contaminado pelo mesmo desdém. O sistema educacional adquire, em cada novo aluno, um tabula rasa, para enche-los de regras e preceitos inválidos para o convívio social, que, dia mais, dia menos, eles vomitarão tudo numa explosão de rebeldia. E a guerra entre alunos x professores acontece, diariamente, até que o sistema de ensino seja concluído. E o que encontramos nessa conclusão ?
Indivíduos sem base social nenhuma, que aceitam o poder total da política, sem implicar com regras que não concordam ou fingindo não enxergar problemas que estão diante de seus olhos.
Esse retardo é bem firmado quando vemos os resultados de eleições para cargos públicos, ou o modo como se portam diante de um jogo de futebol, ou quando explodem de ignorância e restrições, e eclodem num confronto com a polícia.

Enquanto Nietzsche pregava a morte de deus, Foucault pregava a morte do homem. A morte desse homem, o conformado, o igual, o cego. Esse homem que vive sua vida inteira preso a cordas de um eterno marionete.


Gostaria de terminar com a reflexão de uma frase de Paulo Freire, que dá uma resposta obvia pra esse tipo de problema:

"Uma das condições necessárias para que nos tornemos um intelectual que não teme a mudança é a percepção e a aceitação de que não há vida na imobilidade. De que não há progresso na estagnação".

Sexologia - Kinsey, Let's talk about sex ?!

terça-feira, 25 de maio de 2010


Não foi psicólogo, nunca foi poeta, nem ao menos era rico. Porém seu trabalho é de um riqueza inestimavel. Sobre Sexologia, desde a década de 40, não há um estudo de tamanhas proporções... Na Série dos "100 mais" ... no caso, os 100 maiores cientistas, no que tange o comportamento e lhe outorga o título de "Pai da Sexologia" está ao lado Freud, Jung, e Skinner. Dividem páginas com  Einstein, Galileu galilei.
----
Recomendo o filme. É excelente. Eu ainda disponho de 5 dvd's para gravar sem precisar que me entreguem DVD. 
Uma pequena ilustração, do cara que chocou e revolucionou as bases fundamentais da comunidade Norte-Americana e porquê não dizer que é um expoente da Psicologia Social (também) ?!


Alfred Charles Kinsey (Hoboken, 23 de junho de 1894 — Bloomington, 25 de agosto de 1956) foi um entomologista e zoólogo norte-americano. Em 1947, na Universidade de Indiana, fundou o Instituto de Pesquisa sobre Sexo, hoje chamado de Instituto Kinsey para Pesquisa sobre Sexo, Gênero e Reprodução. Suas pesquisas sobre a sexualidade humana influenciaram profundamente os valores sociais e culturais dos Estados Unidos, principalmente na década de 1960, com o início da chamada "revolução sexual". Ainda hoje, suas obras são consideradas fundamentais para o entendimento da diversidade sexual humana. Entretanto, muitos dos dados, teses e resultados apresentados por Kinsey têm sido recentemente questionados e desmentidos por outros estudiosos. Sua história foi retratada em filme de 2004 intitulado Kinsey - Vamos falar de sexo.

Quando jovem, Kinsey já mostrava um grande interesse pelas atividades ao ar livre e pelo estudo da natureza. Na escola, era um rapaz tímido, com pouco interesse para os esportes, mas com grande interesse para os estudos acadêmicos e de piano. Contra a sua vontade, ingressou no Instituto de Tecnologia de Stevens, onde seu pai, que queria um filho engenheiro, lecionava. Não se adaptando à engenharia e contrariando o pai, Kinsey ingressou no Bowdoin College em 1914, onde se graduou em biologia. Continuou seus estudos no Instituto Bossey, da Universidade de Harvard, onde estudou biologia aplicada com William Morton Wheeler, um reconhecido entomologista. Continuando seus estudos em Harvard, defendeu sua tese de doutorado em 1919, estudando a diversidade biológica de uma espécie de vespa.


Kinsey iniciou seus estudos sobre práticas sexuais humanas após uma discussão com o colega Robert Krog, na Universidade de Indiana. Após ter concluído, em seus estudos de entomologia, que nenhuma vespa era igual à outra, e que as práticas de acasalamento das vespas eram extremamente variadas, Kinsey percebeu que, apesar da falta de estudos sobre a sexualidade humana, essa característica de diversidade sexual era comum entre os animais e, dentre estes, os humanos. Kinsey queria que a educação sexual fosse abordada em uma disciplina exclusiva, algo inexistente na época. Ao fazer isto, Kinsey conseguiu criar a disciplina acadêmica de sexologia, ciência da qual é considerado o criador. Após muita persistência, em 1935 Kinsey conseguiu recursos financeiros junto à Fundação Rockefeller e pôde, então, iniciar sua pesquisa sobre a sexualidade humana. Para isso, Kinsey montou e treinou uma equipe que entrevistaria, nos anos seguintes, milhares de pessoas em todo o território dos Estados Unidos.

Mesmo com eventuais erros estatísticos, alguns deles até admitidos por Kinsey, e as acusações de indução a pedofilia e práticas de parafilia, nunca antes, houve um estudo sobre sexualidade humana envolvendo tantas pessoas. É por isso que, até hoje, estes dados ainda são considerados como um dos maiores estudos mundiais de comportamento sexual humano, embora vários estudos posteriores tenham apresentado resultados diferentes dos propostos por Kinsey.
Como um resultado prático dos estudos de Kinsey, em 1973, a Associação Americana de Psiquiatria removeu a homossexualidade da lista de desordens mentais, recusando-se a continuar considerando os homossexuais como diferentes ou passíveis de correção. O mesmo aconteceu com a Organização Mundial de Saúde (OMS), que também passou a não considerar a homossexualidade como uma doença, a partir de 1986.





Kinsey escreveu em tradução livre:
Homens não são representados através de duas populações discretas, heterossexual e homossexual. O mundo não é subdividido em carneiros e cabras. É um fundamento da taxonomia que a natureza raramente pode ser tratada em categorias discretas... O mundo em que vivemos é contínuo em todos e em cada um dos aspectos. Quando enfatiza-se a continuidade das graduações entre os heterossexuais e homossexuais exclusivos ao longo da história, parece ser desejável desenvolver uma gama de classificações que podem ser amparadas em quantidades relativas de experiências e respostas heterossexuais e homossexuais em cada caso... Um indivíduo pode ser associado numa posição da escala em cada período de sua vida... Uma escala de sete categorias aproxima-se de representar as várias graduações que existem atualmente (Kinsey, et al. (1948). pp. 639, 656)
A escala é representada abaixo:
Nível Descrição
0 Exclusivamente heterossexual
1 Predominantemente heterossexual, apenas eventualmente homossexual
2 Predominantemente heterossexual, embora homossexual com frequência
3 Igualmente heterossexual e homossexual
4 Predominantemente homossexual, embora heterossexual com frequência
5 Predominantemente homossexual, apenas eventualmente heterossexual
6 Exclusivamente homossexual
X Assexuado
---------


 D:

Rubem Alves – Até que a morte .... (Crônica)

De vez em quando o diabo me aparece e temos longas conversas.Devil
Em nada se parece com o que dizem dele: rabo, chifres, patas de bode e cheiro de enxofre. Cavalheiro de voz mansa e racional, bem vestido, apreciador de desodorantes finos, me surpreende sempre pela lógica dos seus argumentos. Nada de futilidades. Só fala sobre o essencial, estilo que aprendeu com Deus, nos anos em que foi seu discípulo. Percebi que era ele quando notei que trazia na sua mão direita o martelo e, na esquerda, a bigorna. Pois esta é a sua missão: martelar as certezas, ferro contra ferro, para ver se sobrevivem ao teste.
Já se preparava para dar a primeira martelada quando o interrompi:
- Que é isto que você vai bater? Acho que vai se partir em mil pedaços…
A coisa que estava sobre a bigorna me parecia feita de louça, um bibelô delicado e frágil, e lamentei que o diabo fosse esmigalhá-la.
- Não tenho outra alternativa – ele me respondeu. – É parte de uma aposta que fiz com Deus. Este bibelô delicado é o casamento. E você pode estar certo: não resistirá ao ferro do meu martelo!
Fiquei indignado que ele estivesse maquinando coisa tão perversa e passei ao ataque.
- Não é à toa que os religiosos dizem que você é o anti-Deus. Deus junta. Você separa! A sua bigorna já destruiu muitos lares!
Ele não tinha pressa. Descansou o seu martelo e me falou com voz imperturbada:
- Já estou acostumado às calúnias. Mas não existe coisa alguma mais distante da verdade. Se há uma coisa que eu desejo é um casamento duradouro, até que a morte os separe. Se ponho o casamento na bigorna é justamente para provar que a receita do Criador não funciona. A minha é muito mais eficaz.
Como o meu silêncio indicasse minha disposição em ouvi-lo, ele continuou a falar:
- Todo mundo sabe que, no início, eu era a mão direita de Deus. Estávamos de acordo em tudo. Ele mandava, eu fazia. Foi por causa do casamento que nos separamos. Até então trabalhávamos juntos. Quando Deus disse que não era bom que o homem estivesse só, e melhor seria que ele tivesse uma mulher, eu concordei. Quando Deus disse que esta união teria de ser sem fim, até a morte, eu aplaudi. Mas aí apareceu o pomo da discórdia. Para colar o homem na mulher, Deus foi buscar uma bisnaguinha de amor. Protestei. Argumentei:
- Senhor! Amor é coisa muito fraca, de duração efêmera! Quem é colado com o amor logo se separa!
Citei o poeta: “Que não seja imortal, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure!” Amor é chama tênue, fogo de palha. Não pode ser imortal. No começo, aquele entusiasmo. Mas logo se apaga. Chama de vela, fraquinha, que se vai com qualquer ventinho… Amor é bibelô de louça. Todos os amantes sabem disso, mesmo os mais apaixonados. E não é por isso que sentem ciúmes? Ciúme é a consciência dolorosa de que o objeto amado não é posse: ele pode voar a qualquer momento. Por isto o amor é doloroso, está cheio de incertezas. Discreto tocar de dedos, suave encontro de olhares: coisa deliciosa, sem dúvida. E é por isso mesmo, por ser tão discreto, por ser tão suave, que o amor se recusa a segurar. Amar é ter um pássaro pousado no dedo. Quem tem um pássaro pousado no dedo sabe que, a qualquer momento, ele pode voar. Como construir uma relação duradoura com cola tão fraquinha? Por isto os casais se separam, por causa do amor, pela ilusão de um outro amor. Qualquer tolo sabe que o pássaro só fica se estiver na gaiola. O amor é cola fraca para produzir um casamento duradouro porque no amor vive o maior inimigo da estabilidade: a liberdade. É preciso que o pássaro aprenda que é inútil bater asas. Um casamento duradouro é aquele em que o homem e a mulher perderam as ilusões do amor.
- Foi aí que nos separamos – ele continuou.
- Não porque discordássemos que casamento deveria ser eterno. É isto que eu quero. Nos separamos porque não estávamos de acordo sobre o que é que junta um homem e uma mulher, eternamente. Deus é um romântico. Eu sou um realista.
- Qual foi então a sua proposta? Que cola deveria ser usada?- perguntei, perplexo.
- O ódio. – respondeu ele. – Enganam-se aqueles que dizem que o ódio separa. A verdade é que o ódio junta as pessoas. Como disse um jagunço do Guimarães Rosa, quem odeia o outro, leva o outro para a cama. Diferente do fogo da vela, o fogo do ódio é como um vulcão. Não se apaga nunca. Por fora pode parecer adormecido. No fundo, as chamas crepitam. A diferença entre os dois? O amor, por causa da liberdade, abre a mão e deixa o outro ir. No amor existe a permanente possibilidade de separação. Mas o ódio segura. Não tenha dúvidas. Os casamentos mais sólidos são baseados no ódio. E sabe por que o ódio não deixa ir? Porque ele não suporta a fantasia do outro, voando livre, feliz. O ódio constrói gaiolas, e ali dentro ficam os dois, moendo-se mutuamente numa máquina de moer carne que gira sem parar, cada um se nutrindo da infelicidade que pode causar no outro. As pessoas ficam juntas para se torturarem. Não menospreze o poder do sadismo. Ah! A suprema felicidade de fazer o outro infeliz!
Com estas palavras ele tomou do seu martelo e voltou ao seu trabalho:
- Tenho de provar que eu, e não Deus, sou quem sabe a receita do casamento que só a morte pode separar.
Eu me persignei três vezes e compreendi que o inferno está mais perto do que eu pensava.
(Retorno e Terno)
Rubem Alves

Pages

Followers

 

Browse